Teste de Levantar e Ir Cronometrado (TUG)
- Aline de Lima
- 10 de dez. de 2024
- 7 min de leitura
Nome: Teste de levantar e ir cronometrado (TLIC)
Nome original: Timed Up & Go Test (TUG)
Ano de criação: 1991
Construto: Mobilidade funcional
Componente da CIF: Atividade
Qualificador: Capacidade
Número de itens: 1 tarefa
Pontuação total: Tempo em segundos
Forma de administração: Desempenho
Tempo de aplicação: Até 5 minutos
População de aplicação: Geral
Materiais necessários: Cronômetro, cadeira padrão com encosto e apoio de braço, fita adesiva ou cone, fita métrica ou trena, lápis e folha de pontuação.
Custo: Gratuito
O TUG é um teste que foi desenvolvido por Podsiadlo, por meio de uma modificação do "Get-up and Go" (Mathias, Nayak e Isaacs) para avaliação de equilíbrio em idosos, mas atualmente é um teste que avalia a mobilidade funcional, pode avaliar a marcha e a transferência sentado para em pé, pode estimar a velocidade de marcha, a força de membros inferiores e o equilíbrio dinâmico e pode indicar risco de quedas.
O teste consiste em o paciente se levantar da cadeira que está sentado, andar três metros à frente, girar, retornar e se sentar novamente. Sua pontuação é o tempo em segundos que o paciente levou para completar toda a tarefa. Quanto menor o tempo, melhor é a mobilidade funcional do paciente. Caso o paciente precise de ajuda de terceiros o teste é zerado. Não há custo para utilização.
É um dos instrumentos do Core Set da fisioterapia neurofuncional. É altamente recomendado a utilização na reabilitação de indivíduos com AVC, esclerose múltipla, distúrbios vestibulares e lesão medular incompleta. Recomendado para indivíduos com doença de Parkinson. Tem alguns estudos de propriedades de medida em populações idosas e com condições musculoesqueléticas, mas nenhuma informação de recomendação específica para essas populações. Em outras populações pode ser utilizado, porém necessita de mais estudos.
ORGNIZAÇÃO DO ESPAÇO
Será necessário um espaço aberto ou corredor de pelo menos 4 metros. A cadeira ficará numa extremidade, sem encostar na parede e será marcado com fita adesiva três metros à frente. Preferencialmente usar fita adesiva para marcar, caso não dê para usar a fita, ela pode ser substituída por um cone. É importante que esse corredor ou espaço aberto seja grande ou largo o suficiente para uma pessoa andar confortavelmente e para que o avaliador acompanhe lateralmente um passo atrás para aumentar a segurança durante o teste e que o espaço seja livre de obstáculos ou objetos que interfira no trajeto do paciente.
A cadeira deve ter uma altura do assento entre 43 e 50 cm. O importante é observar se o paciente fica com um ângulo de 90° de flexão de quadril e joelho quando senta na cadeira, pois se a cadeira for mais alta vai deixar a tarefa mais fácil, o que pode levar a um tempo reduzido, e se ela for mais baixa vai deixar a tarefa mais difícil, o que pode levar a um tempo maior ou a impossibilidade de se levantar, que não condiz com a real capacidade do paciente.

PONTUAÇÃO
A pontuação é dada pelo tempo que o paciente completou o teste. A contagem do tempo inicia quando o paciente desencosta as costas da cadeira e termina quando ele encostar o glúteo na cadeira.
Você pode usar como base o tempo realizado em um único teste ou a média de mais de uma tentativa (quando é feito mais de uma, geralmente é usado três testes) e precisa documentar qual parâmetro foi utilizado para a obter a pontuação final.
INFORMAÇÕES GERAIS
O paciente inicia o teste sentado, com as costas encostando no encosto da cadeira e os braço apoiados nos apoios de braço. Você deve orientar o paciente sobre o que é preciso fazer no teste*. Um teste de familiarização pode ser feito, para ter certeza que o paciente entendeu o que é para fazer (não é necessário cronometrar o teste de familiarização).
*"Quando eu falar 'Vá!', você deve se levantar, andar em uma velocidade confortável e segura até a fita no chão, virar, retornar para a cadeira e sentar-se."
O paciente pode fazer o teste com seu dispositivo auxiliar ou órtese/prótese, caso necessário. É importante anotar se o paciente realizou o teste com algum dispositivo auxiliar ou órtese/prótese (se sim, qual) e se teve ou não instabilidades durante o percurso, principalmente no giro. Caso o paciente use algum dispositivo auxiliar ele deve começar com os braços apoiados nos apoios de braço da cadeira e pegar o dispositivo (colocado à frente ou próximo) após o comando inicial do teste.
Lembre-se de realizar o teste da mesma forma na reavaliação! O dispositivo auxiliar usado na avaliação deve ser usado na reavaliação, mesmo que o paciente não precise mais dele para realizar o teste e apenas segure o dispositivo auxiliar sem "usar" ele efetivamente. Nesses casos você pode avaliar com o dispositivo auxiliar, para comparar com a avaliação e depois realizar o teste se dispositivo como novo ponto de partida.
Toda alteração no formato do teste deve ser documentada para reaplicação durante a reavaliação, como a alteração da cadeira para uma sem braço ou o uso de um cone no lugar da fita adesiva.
Há diferentes formas de iniciar a contagem, conforme a literatura disponível. Pode ser após o comando "Vá!", após o paciente desencostar as costas da cadeira ou após o paciente desencostar o glúteo da cadeira. Como o instrumento não tem validade para pessoas com alteração cognitiva, sugiro iniciar após desencostar as costas da cadeira, para não contar o tempo que o paciente precisa para processar a informação até começar efetivamente o movimento de levantar. Mas para pacientes como por exemplo com Doença de Parkinson, que tem alteração na velocidade do comando, uma lentidão relacionada a fisiopatologia da condição de saúde de base e uma necessidade de várias tentativas, pode se iniciar com o comando "Vá!" para avaliar esses fatores durante o teste. O importante é anotar como foi realizado a repetir da mesma maneira no teste seguinte.
Atenção na hora do giro. O teste consiste em o paciente realizar um giro tipo pivô, ou seja, no seu próprio eixo e não contornar a marcação. Caso ele faça de forma diferente, documentar para repetir no próximo teste.
Toda alteração que for feita na aplicação do teste gera a uma discordância do teste realizado no paciente e o teste realizado em estudo. Logo toda informação de interpretabilidade do resultado com base na literatura deve ser analisada com cuidado, pois o resultado pode ser influenciado pelas alterações.
OUTRAS FORMAS DE APLICAÇÃO DO TUG
Existem outras formas de aplicar o TUG. Abaixo segue algumas possibilidades:
TUG-DT
O TUG-DT (dupla tarefa) consiste na aplicação do TUG "original" e um novo teste com uma outra tarefa associada, motora ou cognitiva, para determinar o impacto de uma dupla tarefa no desempenho do paciente. É contado o tempo para realizar cada teste (TUG e TUG-DT). A interpretação do teste pode ser feita com base no tempo da cada teste ou com base na diferença entre o TUG e o TUG-DT (impacto da dupla tarefa do teste).
O TUG-DT motor consiste em o paciente realizar a tarefa de levantar-se, andar três metros, girar, retornar e sentar-se enquanto carrega um copo com água. Para aplicação dele, deve-se levar em conta a possibilidade do paciente realizar o teste com pelo menos uma das mãos ocupadas, ou seja, se ele usa andador ou duas muletas não é indicado, já que para usar o dispositivo auxiliar ele precisaria das duas mãos e não conseguiria segurar o copo com água.
O TUG-DT cognitivo consiste em o paciente realizar a tarefa de levantar-se, andar três metros, girar, retornar e sentar-se enquanto conta de trás para frente (realiza subtrações) de três em três começando de um número aleatório entre 20 e 100 (ex. 85; 82; 79; 76...). Para aplicação dele, deve-se levar em conta a escolaridade do paciente. Caso o paciente tenha um nível de escolaridade baixo, pode adaptar para algo que ele conseguiria responder, como falar nomes de flores/frutas/meses do ano de dezembro para janeiro.
Todas as outras informações para aplicação seguem o mesmo que descrito para o TUG, apenas com a adição de um copo com água nos materiais necessários (quando TUG-DT motor) e a orientação sobre qual vai ser a dupla tarefa.
TUG-ABS
O TUG-ABS (Timed Up and Go Assessment of Biomechanical Strategies) tem como objetivo avaliar as estratégias biomecânicas durante a realização do TUG. Ele pode ser aplicado por meio de observação direta do TUG ou por análise posterior de vídeo. Ele consiste em 15 itens divididos em: sentado para em pé (3 itens), marcha (5 itens), giro (4 itens) e de pé para sentado (3 itens). Cada item pode receber uma pontuação de 1 a 3, onde 1 consiste no pior desempenho e 3 no melhor desempenho. O instrumento tem uma pontuação final de 15 a 45.
iTUG
O iTUG (Instrumented Timed Up and Go) é o TUG realizado junto com instrumentos de captura e análise de movimento. Essa instrumentação permite analisar as subfases do TUG e as transições posturais. Esses instrumentos podem ser câmeras, sensores inerciais (mais comum), sensores ambientais, sensores de pressão e sistemas optoeletrônicos, geralmente localizado nas costas (entre L4 e S1)
RELAÇÃO DO TUG COM A CIF
Tarefa em partes:
Levantar da cadeira: d4104 - Levantar-se
Andar 3 metros: d4500 - Andar distâncias curtas
Girar: d4509 - Andar, não especificado (girar)
Sentar: d4103 - Sentar-se
LINKS E REFERÊNCIAS
Ficha de pontuação:
Outros sites relacionados:
Rehab Measure - TUG
Rehab Measure - TUG-DT
Referências:
Moore JL, Potter K, Blankshain K, Kaplan SL, O’Dwyer LC, Sullivan JE. A core set of outcome measures for adults with neurological conditions undergoing rehabilitation: A Clinical Practice Guideline. J Neurologic Phys Ther, v. 43, n. 3, p. 174-220, 2018. DOI 10.1097/NPT.0000000000000229
Podsiadlo D, Richardson S. The timed "Up & Go": a test of basic functional mobility for frail elderly persons. J Am Geriatr Soc, v. 39, n. 2, p. 142-148, 1991. DOI: 10.1111/j.1532-5415.1991.tb01616.x.
Mathias S, Nayak US, Isaacs B. Balance in elderly patients: the "get-up and go" test. Arch Phys Med Rehabil, v. 67, n. 6, p. 387-389, 1986. PMID: 3487300.
Faria CD, Teixeira-Salmela LF, Nadeau S. Development and validation of an innovative tool for the assessment of biomechanical strategies: the Timed "Up and Go" - Assessment of Biomechanical Strategies (TUG-ABS) for individuals with stroke. J Rehabil Med, v. 45, n. 3, p. 232-240, 2013. DOI: 10.2340/16501977-1107.
da Silva BA, Faria CDCM, Santos MP, Swarowsky A. Assessing Timed Up and Go in Parkinson's disease: Reliability and validity of Timed Up and Go Assessment of biomechanical strategies. J Rehabil Med, v.49, n. 9, p. 723-731, 2017. DOI: 10.2340/16501977-2254.
Ortega-Bastidas P, Gómez B, Aqueveque P, Luarte-Martínez S, Cano-de-la-Cuerda R. Instrumented Timed Up and Go Test (iTUG)-More Than Assessing Time to Predict Falls: A Systematic Review. Sensors (Basel), v. 23, n. 7, p. 3426, 2023. DOI: 10.3390/s23073426.
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